terça-feira, 23 de novembro de 2004

Sonho de gato

Os gatos devem ser felizes. Hoje não sei porquê gostaria de ser gato.
Está um sol de estalar, subia para o telhado e iria dormitar ali todo escarrapachado.
Será que os gatos sonham? Hum... Penso que sim, quando os espreito a dormir fazem um ronrom tão feliz, delicioso de ouvir. Por isso e, nem que seja só hoje, vou ser um gato.
E vou sonhar com uma gata amarela das redondezas que passa aí toda dengosa, com aquele olhar felino e traiçoeiro que tanto me atrai.
Antes vou beber uma taça de leite simples, com umas sopas de pão embebidas. Não quero aquelas mixórdias de comida pronta para gatos. Quem disse que os gatos gostam daquelas mistelas? Eu não gosto. E sou um gato. Era capaz de arranhar quem inventou aquela treta de comida. E pensar que ainda fazem publicidade na TV e que há quem compre aquela zurrapa.
Ai que sol tão acariciador sobre o meu pelo aveludado e brilhante. Vou me espreguiçar e dormir uma soneca, nem que seja só meia hora.
Mas nessa meia hora vou ser um gato. Hum que delícia, não terei de pagar impostos, nem preencher aquela treta daquela papelada do IRS.
Um gato a entrar numa repartição de finanças para pagar impostos, devia ser hilariante. Também não tenho de me preocupar com a hipoteca da casa, nem com as compras do fim-de-semana, nem com a prestação do carro, nada, só ficar aqui estirado a sonhar.
Que me perdoem, mas neste momento quero e sou um gato.

domingo, 21 de novembro de 2004

A palavra

Eu disse a palavra é uma arma
Que explode quando queremos
E quando a soubermos empunhar
Basta o momento e lugar certo
Eu escrevo e as palavras
São a minha parceria
Infiltradas nas folhas em que eu garatujo
Fieis e leais à espera de serem
Preenchidas com letras perfeitas

Eu disse a palavra transforma
A outra guerra que gera a paz
Que procuramos dentro de nós
Com ímpeto e exultação
E nem sempre conseguimos
As palavras podem sair
Assim lascadas
Em mil excertos
E se as soubermos usar
Com elas faremos um poema

Eu disse
As palavras são uma arma
E ninguém entendeu
E eu quis fazer uma
Arma das palavras
Que escrevi
Como se elas fossem rosas brancas
Que nasceram roseiral
Da minha idealidade

Eu disse...