domingo, 30 de abril de 2006

as flores azuis


Alguma vez direi?

Vamos descobrir o mundo
e beijar as flores....

terça-feira, 25 de abril de 2006

Chegaste sem avisar




Chegaste sem avisar
Era tarde, eu não sabia

Tive medo ao descobrir
Outro mundo em teu olhar

Joguei fora meu sentir
Quis navegar no teu mar

Minha alma errante,
Barco à deriva do teu pensar

E ergueste ventos, lancinante
Em meu tranquilo existir

Vagas de um mar revolto
Sentires desencontrados

Muitas rotas sem retorno
Fim sem sequer começar

Fui onda sem revolta
Mansidão a contemplar

Naveguei sem rota
Sem céu estrelado a guiar

Meus passos, na escuridão,
Deixei tão incertos

Cedi sedenta ao coração
Ignorei as lágrimas destes olhos, tão abertos

Amarfanho em minhas mãos
Meu sentir, e meu pesar

Não navegarei no teu mar
Não terei onde aportar

Percebo-te longinquo, sem voltar
Sobre o vento que ainda ergues

De mãos etéreas, encrispadas,
Chegaste sem avisar...


(parceria de Andreia Reis (AR) e Piedade Araújo Sol )



sábado, 22 de abril de 2006

Se


Se…

Descobrires a palavra para lá do vidro húmido
Embaciado e sem cor. Diria que
Meus olhos não querem
Essa partida imprevista e indesejada


Se…

Guardares o sabor para lá dos lábios frios
Para lá do tempo que existiu breve
Diria que ainda resisto a esse momento
Que se finou calmamente

Se…

Continuares o nosso passeio pela beira-rio
Amarfanho em mim este anseio de entrelaçar
Nas minhas as tuas mãos
E andar silenciosamente


Se…

Te sentares no nosso lugar a ver o por do sol
Relembro e revivo cada momento cada instante
E a ausência tua dói cá dentro
Sem cura nem remissão


Se…

Compreenderes a palavra para lá da saudade lenta
Meus olhos marejados de lágrimas
Esboçam um sorriso de um amor
Que começou antes mesmo de terminar


Se…

Entenderes porque amo
Porque sinto o peso e a dor
De nunca mais te voltar a ver


Se…

O amor.
Fosse simples assim
Como sou eu neste fim de tarde
Com esta saudade ilimitada
Sem poder compartir






Uma parceria de João marinheiro ausente e Piedade Araújo Sol

Hoje!!




Hoje. Era capaz de jurar que estavas aqui
E que eu tentava segurar a tua mão na minha
Mas que ela se desprendia

E caía desamparada ao longo do teu corpo
Inerte, tua mão morena e queimada pelo sol
De um outro pais longínquo

Hoje.O vazio desta manhã abateu-se
Sobre as perguntas sem respostas
Feitas ao vento que transcorria

Não sei as cores das palavras
Mas julgei ouvir sussurros e ver nelas
As cores mescladas do arco-íris

Hoje. Era capaz de jurar que ouvia a tua voz
Fresca, e límpida a dizer-me baixinho
Sabes uma coisa? Gosto muito de ti....

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Mar



não me encontrei
andei perdida nas nuvens
hoje desci aos confins de mim
e trago só restias de cristais
que espalho nas águas
dste mar...

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Retalhos

Meus dedos escrevinham
Inquietos, desavindos
Gotas de tinta dispersas
Unidas formam palavras
E sem me aperceber
Lentamente tornam-se retalhos....

domingo, 16 de abril de 2006

Recordação

e quando a noite caíu
arrumei meu sentires
deitei-me na cama
apaguei a luz
desatei as recordações
revi-me em ti
tuas mãos nas minhas
minha cabeça
pousada em teu peito
assim adormeci...

(este poema pode ser lido nos dois sentidos)

16-04-2006

sábado, 15 de abril de 2006

Vamos ver o Tejo

Era tarde! Tão tarde...
Um dia longo, desesperado.
A certeza que te irias embora para sempre
E porque o senti nos teus gestos desassossegados
Fez-me olhar-te e dizer-te em tom de súplica
-Vamos ver o Tejo
Mas tu encolheste os ombros, sorriste
E disseste laconicamente e cortante
-É tarde, não me apetece
Resumiste a uma simples frase...
O amor que sinto por ti, dorido agora…
O tremor que bate no peito ainda…

Tu não podes entender porque nem sabes
Mas sempre que posso
Vou olhar o rio, silenciosamente
Sento-me na margem
Fecho os olhos e a aragem
Parece trazer-me de volta o sabor do teu beijo
Envolto em saudade e mágoa
Por vezes tacteio o ar onde esboço uma silhueta
Que acaricio com o pensamento
Como se fosses tu
E sei que não é, é só a minha imaginação
Sei que nunca mais olharei no fundo dos teus olhos
Mesclados de cinza e verde
Nem voltarei a pedir-te
-Vamos ver o Tejo
Sei também que nunca mais te ouvirei dizer
-É tarde, não me apetece
Tu não sabes.
Nem sonhas ou imaginas o amor que sinto
A falta que me fazes
Ou a mágoa que fica na ausência
A tua ausência
Por não te apetecer!
Dares-me a mão e irmos os dois rua abaixo ver o Tejo

Tu não sabes!
Nem sonhas ou imaginas a saudade que ficou
Dos teus beijos , o sabor de tua boca na minha…
Tu não sabes!
Como dói ainda o teu rir que sinto como gritos ecoando.
Tu não sabes as carícias possíveis que te queria fazer
Porque penso em ti
Me revejo no teu olhar em cinza e verde
O nosso Tejo, meu amor…
Tu não sabes
Porque é tarde e não te apetece…


(este poema é uma parceria de Piedade Araújo Sol e João marinheiro ausente)

sexta-feira, 14 de abril de 2006

Alucinação

Abro meus olhos desmesuradamente
E nada vejo, sei que não estás

Peço que não vás, e sei que não ouves
Porque já te foste, e sei que não voltarás

Sinto o telefone tocar, sei que não tocou
Mas sinto sem sentir, é só um eco

Resta-me a porta, abro-a de par em par
Para que entres novamente, mas tu não estás

Fecho a porta devagar, desço as escadas
Espreito o quarto...dormes sossegado...

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Em cada folha branca

Em cada folha branca, desenhei um rosto
Em cada desenho, escrevi uma frase

Em cada frase, inventei um poema
Em cada poema, lancei uma mensagem

Em cada mensagem, fiz uma oração
Em cada oração, procurei a paz

Encontrei a paz. Sempre numa folha branca
Em que um dia desenhei um rosto...

©Piedade Araújo Sol 

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Ontem....as palavras

ontem arremessei as palavras para o papel
e com elas fiz um labiríntico de conflitos

sei que cada palavra saiu distorcida
como se fossem armas empunhadas

ainda não compreendi, sei que não as carreguei
e elas disparavam como se tivessem vida

elas… as palavras ásperas, doeram
e gotejaram fatídicas e cortantes

ontem, quis apagar as palavras
não consegui, elas ficaram gravadas …

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Caminho pela cidade

Caminho pela cidade
seca
opaca
sem luz nem comunicação

Caminho
E penso, nesta secura
cimentada por nós todos
que fazemos
a nossa própria sociedade

Nada sei, nada vejo
a não ser uma distância
azul e enorme
e pela primeira vez na vida
queria ser capaz de voar
Voar como os pássaros
e alcançar o fim

Caminho pela cidade
Vou só
Só com os pensamentos
a me encherem o cerébro
pejado de sonhos...

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Recado

Tenho as mãos cheias de nada
Nada te posso dar
senão toda a inutilidade
duma vida....

terça-feira, 4 de abril de 2006

Vagas

A espuma bate contra as rochas
as ondas revoltas partem-se

absorvida por esse espectaculo
quedo-me serena e olho

mar azul que meus olhos nao abrangem
e que me seduz e preenche...

sábado, 1 de abril de 2006

Voo

Voando sobre o mar
levo o sol nos meus olhos
estou feliz
Sou capaz de voar
mesmo sem ter asas....