segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Janelas



Abro as janelas e deixo entrar o sol
respiro o ar que me chega da rua
e sorrio a mais um dia que nasce
queria simplesmente que
ao inspirar as fragrâncias que a natureza
me concede
pudesse ampliar esse perfume
que sem querer
se perderá
quando fechar as janelas
da minha memória…


11/08/2005

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

voo de menino




Leva no teu caminhar
Um sorriso terno
Como se fossem os anjos
A guiar teu voo
Sobrevoando os céus com asas de seda

Madrugadas que rasgam o tempo
Abrem rumos e rotas sem
Destinos que não podemos traçar
Em teu voo de menino
Imitas um adejo suave onde
Regressarás um dia pousando
As tuas asas de meiguice...


(Foto de:Paulo Madeira)




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

os ventos mudaram


Os ventos mudaram
o dia desenhou o destino
na orla do rio
que o orvalho
enriqueceu.…

Os ventos mudaram
a noite rejeitou o medo
e em mim vivem
todos os ventos
que o destino
desenhou…


(Foto de: Nokas)

domingo, 18 de fevereiro de 2007

....



abandonei-me no dia
que antecedeu a tarde

encontrei-me em ti
em teus lábios me perdi
em teu beijo me esqueci
e meu sorriso escondi
na noite que revivi...

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Cena sem palco

Jorram sentires
Ao cair da tarde

Delimitam trilhos imprecisos
Numa carência de ritmos
Electrizantes e fugazes

Sintomas
Levianos de prazer
Vestem-se de nudez
Irradiam luzes ocultas
Açambarcam o cosmos

Andam velozes, derrubem
Tudo o que encontram
Num espaço só nosso
Doce e suave como o paraíso

Lentamente soltam-se sentires
Sorriso amenos
Misturam-se
Acalentam a atmosfera
Latente de magia e conivência
Dos corpos

Jorram sentires
Ao cair da tarde...






Foto É urgente o amor de :Graça

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

a partida da gazela





Escrevo, cambaleando nas letras que se confundem com a sornice da tarde que cai na cadência ritmada das horas, neste dia de Inverno.

Tenho de confessar que quando me olho ao espelho, por vezes tenho dificuldade em reconhecer a imagem que vislumbro, e suponho ser eu, uma outra pessoa a quem os anos pesam muito mais daqueles que realmente tenho, e me atestam com mais um entre muitos outros como eu. Um ser precocemente envelhecido e cansado.

Sempre te esperei, sem esperar, e quando apareceste na minha vida, qual mulher em corpo de gazela assustada, não te quis, nem soube proteger-te. apenas amei a inocência que trazias impregnada no teu olhar, e contigo descobri recantos escondidos na cidade,enquanto por vezes partiamos em busca de realidades entre dois corpos sedentos de partilha, quais malabaristas de ternuras ilimitadas e por vezes platónicas.

Quando partiste, os teus olhos tornaram-se maiores e ainda mais assustados, as tuas mãos estavam fechadas em forma de concha como se nelas guardasses as pérolas que não te cheguei a oferecer. Não me mexi do meu canto, e sabia que nunca mais partilharia a cidade contigo, nem repousaria jamais meu olhar sobre o teu corpo de gazela.

Escrevo tropeçando nas letras que se arrastam nas noites, em que te espero, e, em que sonho a cidade.

E tudo continua igual. A cidade está igual. Tudo continua no mesmo local. Eu sou o único que mudei, sou eu o complicado nesta partida irreversível.

Olho e não tenho mais nada para olhar, apenas me restam as pérolas que não te cheguei a oferecer, e que eu apanho e imito-te fechando as minhas mãos em forma de concha, como quando partiste....