domingo, 28 de outubro de 2007

Caos-Versão inédita

Quando te quero encontrar
Despida e bamba
Na praia da saudade
Ando à procura de mim

Fico sempre perdida
Quase ferida no pavor
De se fechar
A porta do teu palácio
Decorado com dunas de ti

Olho a noite de soslaio
Tudo é desfocado
Embarco neste afecto
Feito de fragmentos
De medos que desfilam


Ébrios
Indefesos

Enlouqueço nas minhas piruetas
Metamorfoses tão cheias
E tão vazias de ti….



(Obs:Este poema em outra versão foi deixado por um anónimo/a como comentário no meu poema caos, como achei tão bonito, resolvi colocar aqui para partilhar e dar os meus parabens a quem com as minhas palavras conseguiu fazer um outro poema.Obrigada ao anonimo/a)


Foto de: MH

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O disfarce

Choro!
Com a mágoa que leve se derrama
Na convicção de um pesar
Sem fim…

Choro!
Reclusa nas catacumbas
Da minha dor
No livre egocentrismo, só meu…

Choro!
Lavo o pranto doloroso
Que me suja
Em noites mal dormidas…

Choro!
Mas afivelo esta máscara
Com o sorriso mais belo
Que desprendo a encantar…

E guardo em recato
As lágrimas
Que ainda me faltam soltar…


(Foto de :Nokas)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Caos

Ando à procura de mim
Quando penso que me encontrei
Vejo que estou novamente perdida
Em
Trilhos que não me levam
A lado algum
Olho a noite de soslaio
Tudo é opaco
Embarco neste acaso
Feito fragmentos de medos
Que desfilam
Ébrios
Indefesos
Nas
Minhas metamorfoses
Tão cheias e tão vazias….

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Vidas Duplas


Deslizo o meu corpo sobre a tua cama deserta ainda desfeitaRevivo-te nos lençois com as marcas do teu corpo e com o teu cheiro a plantas silvestres.

Durmo na tua cama nestas águas furtadas que com tanto esforço vais pagando a mensalidade. Magoa-me o dividirmos as contas quando vamos jantar, tu a escolher sempre o prato mais acessível da carta e eu deixar-te pagar a tua partePorque se pagasse tudo irias pressentir de algo que eu não quero que saibas.

Não sabes quem sou, talvez nunca venhas a saber quem sou eu na realidade.Não sabes nada de mim.Nada vezes nada, resumido a nada. Mas talvez adivinhes o ilícto do corpo que trago impotente nos olhos, talvez que o teu instinto de mulher não queira questionar os silêncios inconfessáveis que me devoram a alma.

Foi essa a minha condição! Nada de perguntas!

Estou cansado! Tão cansado de tudo! De andar de viagem em viagem, de não saber quando é a próxima etapa. De partir com medo que um dia quando volte já não estejas aqui à minha espera.

Amanhã resolvo isto, digo sempre de mim para mim.Amanhã!Amanhã! E amanhã pode ser tarde. Demasiado tarde para mim e para ti e para os sonhos que desenhei além de ti e de mim.

Tu ris, dizes que gostas de rir e assim sentes-te bem. E por vezes o teu riso é um esgar para enganar o que sentes, quando me vês pegar na mala azul com rodinhas, e seguir para o aeroporto.Mas sabes, eu sei que mentes. Mentes como eu também minto a mim próprio a ti e a tudo o que me rodeia.

Mentes sempre, pois no outro dia quando voltei para trás porque o voo tinha sido cancelado, encontrei-te deitada sobre a cama, onde agora estou eu. Estavas deitada na posição fetal e voltada para o postigo, por onde uma réstia de luz mal te distinguia.Choravas baixinho. Disfarças-te e alegaste estar constipada.

Tens medo de assumir o que temos e nem sei se temos alguma coisa, sei apenas que delimitei um prazo.Reformo-me “disto” aos quarenta anos e vou viver contigo de país em país. Talvez me refugie numa ilha junto ao mar e compre um barco onde possa viver contigo.

Talvez tu não tenhas mais que andar a fazer poupanças para pagar a renda destas águas furtadas, e faças aquilo que gostas. Continuares a pintar o teu mar de verde e o céu de azul. Talvez eu não terei mais que andar de aeroporto em aeroporto com a mala azul de rodinhas atrás de mim, sempre receoso do tiro que me persegue em sonhos.

Nem sabes meu nome, pelo menos o que está nos documentos verdadeiros. Mas será esse que passarei a usar.Assim tentarei esquecer este que uso agora e esquecerei quem fui.

Sinto os olhos cansados, tão cansados, as pálpebras parecem-me de chumbo, quero abri-los e nem consigo.

Está decidido amanhã resolvo isto....

(Obs:Este texto é pura ficção, qualquer semelhança com casos veridicos será mera coincidençia)

Foto:JP SOUSA

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Ninguem quer saber


Tens o calor do sol
No teu corpo de menina
Com desejos de mulher...

E não sabes!

Cheiras a maresia
Escondes o sal
Quando choras...

E ninguém sabe!

Quando sentes frio
Tentas cobrir o corpo
Com uma manta de estrelas...

E sabes!

Sabes porque sentes
E ninguém sabe
Que sabes....

E ninguém quer saber!


©Piedade Araújo Sol 
(Foto : Daniel Camacho)

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