terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ocaso



haverá sempre um ocaso em que o sol
a morrer sobre o mar
me lembrará a fisionomia esculpida do teu corpo
num sorriso enigmático
a fechar as cortinas do dia
a trazer o perfume do mar e da brisa
que brinca com o meu cabelo

não sei
quando me debato a segurar o cabelo nas mãos
se faço isso por que elas me fazem lembrar as tuas

sei que isso é só uma simples redenção
para me sentir em paz com as minhas memórias
por vezes um ocaso é só um terminar de um dia



© Piedade Araújo Sol 2012-10-29




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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Prémio Dardos


fui agraciada pelo "PRÊMIO DARDOS" através do Poeta Luís Alfredo http://luiefmm.blogspot.pt/

"PRÊMIO DARDOS"

O Prêmio Dardos, prestigiado e desejado no mundo dos blogs, reconhece o mérito diário a cada blogueiro que com amor e dedicação faz espalhar o seu conhecimento e criatividade, tornando-o disponível para todos na web.
De acordo com as regras devemos:
-exibir a imagem do selo no blog
-colocar o link do blog de quem se recebeu o prêmio
-escolher outros blogues para receber o Selo Prêmio Dardos
-avisar os escolhidos.

.Agradeço, mas vou fugir às regras e não nomearei nenhum blogue

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eu escrevo insónia





Dizias que eu, quando me sentia triste, ia para casa
e escrevia um poema.
Mas eu faço poemas mesmo quando não estou triste,
escrevo apenas palavras que brotam de mim
e que ficam ali no papel,
apenas isso. Amanhã, nem eu própria nem ninguém
se lembrará mais delas, das palavras.
.
Eu escrevo insónia e ninguém entende.
E não há motivo aparente para entender.
E se me apetece ligar para ti, não o faço
porque não tenho nada para te dizer,
era só para ouvir a tua voz, mas tu nem irias atender,
porque estás atulhado em trabalho e eu sei que
é verdade, sei, mas não sei se sei aquilo que penso que sei,
porque eu escrevo insónia, e é só uma palavra.
.
Todas as noites antes de adormecer eu escrevo um SMS,
mas não te envio. Leio e depois apago.
Eu sei que tu dirias que não tinhas tempo de ler
E que isso são coisas de putos
E eu volto a escrever insónia.
.
Ninguém sabe que a noite pode não ser igual para todos,
pode ser terrível
de onde saem todos os espectros que nos assolam e
nos transmitem medo.
.
Eu escrevo medo e ninguém tem medo.
Ninguém tem medo do meu medo.
Ninguém quer saber a cor do medo e afinal sou só eu
que tenho medo,
que desfio as cores complicadas que ele emite.

E de que serve escrever insónia?!
Ninguém se lembra…
Ninguém tem medo das palavras que não mostro…


© Piedade Araújo Sol 2012-10-22

Foto : Punczek

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    terça-feira, 16 de outubro de 2012

    O Paraíso


    Para Ana M.


    O paraíso como lugar, para mim não existe, é uma opinião meramente pessoal e é o que a minha óptica de visão me diz, e que eu comungo.

    Podemos sentir-nos muitas vezes num lugar inóspito, sem conforto nenhum e carente de beleza, mas para nos sentirmos fisicamente no paraíso, basta estarmos com alguém que nos complementa.

     O paraíso pode significar um estado de alma, um langor no corpo e nos sentidos, nos sentimentos que se sobrepõem em catadupa e que nos abalroam por vezes sem motivo aparente.

    Todos nós, por vezes, temos o paraíso e não nos apercebemos disso, podem ser até pequenas coisas que se espelham nas varandas do sol que há em cada um de nós.

    Pode ser a visão sobre o mar, da praia e das areias que desfiam por entre os nossos dedos.

    Pode ser a serenidade de um fim de dia ao desfrutar de um pôr-do-sol.

    E eu acho que o paraíso tem todas as cores do arco-íris, mas prevalece sempre, sempre o azul.

    © Piedade Araújo Sol  2012-10-16

    Foto : martaa

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    terça-feira, 9 de outubro de 2012

    não sei porquê




    não sei porquê
    mas ainda amanheço com vestígios de pétalas

    de flores silvestres nas mãos

    nos olhos

    nos poros

    talvez o cheiro do teu corpo
    ainda e sempre inesperado
    esteja entranhado em mim naturalmente


    o tempo passa
    e com ele as lembranças
    tendem a ficar desbotadas e sem cor

    como algo que eu não sei explicar
    e que deixou estas cicatrizes em mim doces
    esta melancolia tatuada em pensamentos
    com a vertigem da queda lenta aprazível
    com o abismo do tempo distante tão perto

    talvez eu queira reter algo de ti nas voltas das noites
    até todos os amanheceres
    e assim começar os dias com os teus sinais
    e com a primavera que outrora nos habitou
     


    a verdade é que todo o meu corpo arde
    e as pétalas
    viçosas e frescas que me lembram o teu cheiro
    estão sempre a sorrirem por ti
    para mim
    presentes e espantadas
    em mim


    © Piedade Araújo Sol 2012-10-09

    Foto  - absentia

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    terça-feira, 2 de outubro de 2012

    Telas



    Andei por aí a pintar,
    sem destino,
    cores desordenadas
    que não se enquadravam na tela.

    Saiu-me um rosto indecifrável,
    que não era rosto,
    mas tudo o que a imaginação decretava.

    Desfiz sombras,
    acrescentei cores,
    misturei e nada aconteceu.

    Espaços cheios e,
    no entanto, ocos de cores.
    Vazios que se entreolhavam
    na angústia do traço e da cor.

    Parei para decifrar o que estava mal.
    Olhei-o sem amor, sem raiva,
    olhei-o apenas,
    e desfiz tudo lentamente, sabendo o destino.
    .


    © Piedade Araújo Sol 2012-10-02




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