terça-feira, 30 de setembro de 2014

Contradições


Palavras irónicas, golpearam a noite,
e a escuridão fez-se silêncio,
num sono por acontecer.
Memórias em ecos enredados,
que ressoavam nas gotas de chuva,
que caía numa noite sem estrelas.
E em cada pingo,
se eterniza o bálsamo de algo,
fica como catarse de um golpe,
que não devia acontecer.
E as mãos geladas,
quietas no regaço,
persistem em atear um fogo de sensações.
E os passos são apenas,
um vagabundear de fantasias,
num cirandar num voo de libertação.
Sonho, pedras coloridas que me indicam,
o terminus de um labirinto,em que teias se imobilizem
e se desalinham,
num ciclo de azuis que eu insisto,
em preservar.

©Piedade Araújo Sol 2014-09-29

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Setembro


  shawrus
Sei que me repito quando digo que Setembro é o meu mês, e até  pode haver várias razões ou motivos para que eu assim o prefira.
É o meu mês preferido para férias e nem sei bem mas acho que é um mês que me traz muitas benesses e talvez a mais relevante é porque nasci nesse mês.
Gosto de recordar quando gozava esse mês  naquela vila piscatória onde o pai trabalhava e se não nasci lá, foi por mera casualidade, ou talvez pesasse a escolha da minha progenitora, para que assim não fosse.
Mas, e sem esquecer esses detalhes, há outros tantos fundamentos que me faz pensar em Setembro como uma espécie de despedida do verão,e onde já se avizinha a nostalgia do outono embora as estações tenham levado uma grande reviravolta e já nada seja como antigamente quando ainda se sentia o sabor da mudança  de estação para estação. Hoje é tudo tao incaracterístico que até me faz um pouco de agitação.
Mas afastando tudo isso e acumulando outras tantas coisas, gosto de me sentar descalça na varanda da minha casa ao final da tarde e olhar o mar, só isso já me reconforta e faz-me respirar Setembro.
O meu mês!
©Piedade Araújo Sol 2014-09-22

terça-feira, 16 de setembro de 2014

o choro do mar

mariusz1972
Hoje, ouvi o choro do mar,
nas vagas que sequiosas batiam na areia,
e desfaleciam,
em espuma branca,salgada,
e fria.
Enlaçadas em espirais,
de maresia
e desnudadas de segredos.
Hoje,
sob um mar de nuvens,
e gotas de chuva,
(só eu) ouvi o choro do mar.

©Piedade Araújo Sol 2014-09-15

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Asas emprestadas

Rosie Hardy

Emprestaram-me estas asas,
não são minhas,
e não consigo adaptar-me com elas,
e não quero saber,
que são emprestadas,

que terei de as merecer
.
Vou sem velas nem direcção,
sinto-me a navegar sem mar,
onde apenas silêncios existem,
guiados pelo vento,
puros,
autênticos,
apenas ensaiando o voo dos pássaros.

Gotejam em mim pedaços,
de sombras,
que deambulam sem aviso,
sem sequer saberem de mim,
sem cores definidas e obscuras.
.
Não sei que fiz da outra que (antes) existia em mim
antes,
antes,
destas asas que me pesam,
e me desfocam a caminhada.

©Piedade Araújo Sol 2014-09-08

terça-feira, 2 de setembro de 2014

talvez palavras, ou o poema rubro

Anuchit
       
Náufrago nas palavras esboçadas
na tatuagem, quase oculta das
metáforas.

Asfixiadas nas entrelinhas,
de vocábulos atordoados,
desbravados, e incompreendidos.

Inundado, em adjectivos que
proliferam na harmonia
que alimenta o poema rubro.

©Piedade Araújo Sol 2014-09-01