terça-feira, 30 de maio de 2017

a palavra intacta

Karen Hollingsworth

diante do verso libertado,
voluntariamente deslizando ________em caudal ,
desarrumado,
visceralmente inquieto.

observando________a noite a recolher-se
e a luz da manhã,
pálida. envergonhada a oscular
as sílabas, da palavra intacta
espicaçada.

defronte da janela,
largada à merce do pó,
da leveza da  brisa esporádica.

e da liberdade,
de não deixar perecer _____a palavra
intacta.

©Piedade Araújo Sol 2017-05-30

terça-feira, 23 de maio de 2017

memórias ...ou apenas eco


Jack Vettriano


procuro resquícios de ti,
no tempo por preencher,
no silencio de querer,
e saber,
na urgência de te ter.

recordo,
quando ao  anoitecer havia o brilho,
que inventávamos para iluminar,
as ruas que ostentavam detalhes,
que sabíamos, nossos.

e nos  trilhos que explorávamos,
em silêncios partilhados,
e as mãos,
as nossas,entrelaçadas
e havia o eco,
apenas dos nossos passos…

©Piedade Araújo Sol 2017-05-23

terça-feira, 16 de maio de 2017

caminhantes

Trini Schultz

não sabem o caminho,
nem tão pouco a orientação,
apenas a perspicácia,
para o descobrir e calcorrear,

a esboçar uma oração antiga,
que não esqueceram,
guiados por uma bússola,
levam a esperança em seu caminhar,

a infância que se gruda ao medo
do sonho, e do sentir
do pulsar do coração em tráfego,
o movimento em forma de rebentação,

crentes ou desconhecedores
somos, seremos sempre caminhantes,
e avançamos na escuridão,
com os sentidos alerta,
à procura de luz no fim da(desta)  jornada..

©Piedade Araújo Sol 2017-05-15

terça-feira, 9 de maio de 2017

no acaso do momento

anka zhuravleva

soletro as sílabas_______
com que o poema é composto
tropeço na memória

mas nunca nas palavras
essas _____as minhas

serão sempre cristalinas
libertas
translúcidas
inquietas
entornadas como
fios de seda
mescladas com minúcia

e que o poema______o  meu
seja o que tu quiseres
e  tudo aquilo que eu sei …

©Piedade Araújo Sol 2017-05-09

terça-feira, 2 de maio de 2017

Momentos

Vincent Bourrilhon

Nesta alvorada branca
Isenta de sono e atordoada de insónia
Perco-me a olhar para uma folha branca
Onde receosamente
E para não acordar a manhã
Redijo
Palavras

Eu sei que sou eu que as escrevo
Mas ignoro o saber

E se este arrepio que me assola
É loucura
Desenharei apenas riscos
Traços únicos
Desaparelhados
Descoloridos
Aguarelas em tons esbatidos
Tintas a escoar vida
E amanhã
Espero que os decifres
Quando atirar ao mar
E nada restar, senão
A rebeldia duma folha perdida

©Piedade Araújo Sol 2017-05-02