terça-feira, 19 de setembro de 2017

Um dia que não vem no calendário

Saul Landell
Cheguei numa manhã sem madrugada
num dia que não vem no calendário
e vivi uma vida desvairada
com música amor e sol
dormi em esteiras duras
à luz do luar e passeei nua
por bosques por desbravar
nadei em rios frios
com os peixes a me acompanhar
bebi água em nascentes virgens
e suguei o suco de cocos ovais
comi frutos exóticos
de árvores verdes
amargos e doces
fáceis de mastigar
falei com as aves
até elas me entenderem
e levarem meus recados
ao mundo artificial
dancei ao sabor da aragem
me enlaçando ternamente
e fui criança mulher
ninfa desconhecida
num mundo por descobrir
aspirei o perfume de flores
verdes, azuis e amarelas
e cores por decifrar
e julguei-me ser uma delas
percorri montanhas e vales
montada numa gaivota e vi
que existia sementes por germinar
mas a chuva caiu suavemente
ao fim dum dia sem noite
porque as noites não são possíveis
num dia que não vem na calendário

© Piedade Araújo Sol Jan/2005
Nota: Reedito este poema escrito há muito tempo, mas mesmo com as suas falhas, não lhe quis mexer, para preservar a sua autenticidade.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Fantasias

 saul landell

Um dia apareceu na praça uma estátua,
e, nunca ninguém soube como ali surgiu.

Algum tempo depois,
os velhos da praia juraram,
que em noites de temporal,
assomavam em seus olhos de pedra , lágrimas,
e que era um aviso para não saírem para o mar.

Talvez nem existam lágrimas,
nem estátua,
nem fantasmas para me,
turvar o colorido do tempo,
e o cheiro a maresia que me traz o vento.

Caminho, sem me questionar
o tempo, ou o chilrear dos pássaros,
apenas caminho,
ao sabor dos passos que me levam,
na sonoridade do dia e do momento.

©Piedade Araújo Sol 2017-09-12

terça-feira, 5 de setembro de 2017

pensamentos

Escha Van Den Bogerd

penso muitas vezes na impossibilidade que se torna possível,
e vezes _____outras no possível que se torna impossível.

um misto de pensamento  contraproducente,
ou apenas a necessidade da contrariedade,
para não deixar morrer,
uma partícula de um pensamento,
que antecede a disputa interior,
ou apenas,
a carência,
de questionar o momento,
e o acaso.

penso e sorrio perante as dúvidas que,
me assaltam em noites de insónias,
violentas e febris onde o possível,
será sempre impossível, e vice-versa.

©Piedade Araújo Sol 2017-09-04