Uma história sem história
Anka Zhuravleva
Não escrevi uma, mas, várias histórias que falavam sobre ti.
Desenhei várias vezes o teu rosto sobre as águas do rio, mas, tu rias e dizias sempre que eu era muito complexa, e que ninguém pode desenhar nada sobre as águas, e, muito menos o teu rosto.Mas,eu sempre fiz isso e ainda faço.
Hoje as bátegas de chuva que caíram desamparadas sobre as águas do rio, fizeram-me acreditar que, afinal, o teu rosto, não é a única coisa que eu posso desenhar nas suas águas...
Também posso desenhar a minha mágoa, e assim talvez me sinta mais desprendida desta amargura que me abraça como uma teia e me aniquila vagarosamente.
Não escrevi uma história sobre ti. Mas várias, muitas delas pela alvorada dentro, quando a saudade me fazia avivar ainda mais a falta da tua presença.
Hoje estou aqui de pé junto da janela que dá para o rio, desenho nos seus vidros ofuscados pelo vapor que sai da minha respiração, um barco que vai embora e lá dentro em vez de um marinheiro, desenho uma sombra abstracta que simboliza a minha mágoa, que retrata a minha e a tua história sem história..
© Piedade Araújo Sol 2006-10-31
(reeditado)
23 Comentários:
A história desentranhada. A palavra sem a contrapalavra, sem o testemunho do Outro. O ponto de vista do narrador, mas posta com imagens tão bonitas quanto verossímeis, tão próximas da prosa poéticas, que parecem saídas de um sonho.
Beijinhos,
Que bom que decidiu reeditar estes textos tão belos.
Gostei de ler.
Um abraço
As histórias, milhares de histórias que contamos na brisa... no vidro... numa noite violenta de chuva...
Nossas...
Lindo..
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Esta reedição, Pi, como outras, teve para mim o mérito de descobrir pérolas escondidas que, por falta de tempo, ou preguiça, ou por serem datadas num tempo anterior, vamos deixando para trás, e lendo as mais recentes.
Dito isto, e para ressalva da minha admiração, vamos ao poema:
A extrema sensibilidade desta carta/poema/prosa, aliada à escrita transparente e estruturalmente rica, dá-me a dimensão do tempo e do espaço, por dentro da solidão.
É como se nada contasse, a não ser às águas correntes dum rio, a passarem, sempre iguais, nos dias que vão chegando.
E as memórias, incrustada nas sombras da saudade, nos aprisionassem os movimentos.
Só uma alma feminina poderia escrever este poema-prosa, deixando o vinco avassalador do género.
Parabéns, pois.
Um bj.Amiga.
Lindo!!
Existem histórias que valem a pena. Amei
Beijinhos
Sei que este é reeditado, Piedade, porque marcou-me profundamente desde a primeira vez que o li. Mas sempre vale a pena rever algo tão lindo! Boa semana, fica bem.
Sabe como sintetizarei meu comentário? Dizendo única frase: Você é linda!
Cadinho RoCo
Precioso fondo musical y es verdad que todo en amor es triste pero como dijo el poeta: trsite y todo es lo mejor qwue existe. Un abrazo. Feliz semana. Franziska
Excelente texto
nos apeadeiros da vida
Que bela mensagem amiga! várias histórias que se resume apenas numa que falar e traz lembranças de um amor!
Parabéns, amei! Abraços
O timbre da tua emoção vibrou a corda do ser,
entranhou-se-me sem estranheza.
Li ontem e
deixei repousar.
Para felicidade dos que vêm
e dos que vão
não calaste o teu coração.
A tua história tem história
É linda!
Bj
Boa tarde. Gostei de ler a narrativa mas a verdade é que meu olhar ficou cravado na imagem. Linda demais.
Boa tarde
Gostei muito do seu blogue. Linkei o seu linke no meu. Fiz-me seguidor
Ficarei muito feliz se merecesse que o meuu linke também figurasse na sua lista de blogues a visitar
.
https://brincandocomaspalavrass.blogspot.pt/
.
Votos de uma Santa tarde
.
Algumas histórias só existem dentro da gente,não é? Sem reciprocidade, vira mesmo uma história sem história. Parabéns. Lindo seu texto.
Uma prosa poética linda! Uma história - senti - que teve começo, meio e fim, mas que não levou a nada, como outras tantas coisas da vida. Ficou a frustração.
Beijo, querida. Aplausos!
Há histórias sem história, na verdade.
Mas este texto tem muita história e bem contada. Gostei imenso, parabéns.
Bom fim de semana, amiga Piedade.
Beijo.
Desenhamos, acima de tudo, o que sentimos. E que bem a Piedade desenha!
Abraço :)
A escolha da imagem é perfeita e sua história bem reeditada proporcionou um belo momento de leitura!
bj
Escrever na água um nome, uma história, uma emoção. E saber que o que resta depois é o silêncio e a sombra à procura da luz...
Gostei imenso deste texto, Piedade.
Uma boa semana.
Um beijo.
Boa semana, Piedade; aguardo o próximo post!
Já de volta.
Cadinho RoCo
Olá Pi, como tu desenhas as mágoas...já tinha saudades de te ler. Amei demais amiga. Aos poucos vou voltando...se conseguir...Boa semana e beijos com carinho
Maravilhoso texto, no qual a saudade e a mágoa... ficaram desenhados na água... por entre as bátegas da chuva... e da alma...
Belíssimo de se apreciar, como sempre!...
Beijinho
Ana
As imagens do seu blog
são belíssimas. Parabéns,
meu anjo.
Um beijo e volte lá sempre.
silvioafonso
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